segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O ano tá acabando. E olhar 2011 em retrospectiva é como ver o Katrina se afastando de New Orleans, com a vantagem de que a minha vida tá bem mais inteira que aquela cidade no pós-catástrofe.
A vida de muitas outras pessoas também balançou muito neste ano. Tá ficando lugar comum dizer que este ano demorou pra acabar. Bom, 2011 pra mim foi como aquele remédio ruim pra lombriga de que a gente foge como o diabo da cruz. Desce com dificuldade, mas quando faz efeito é uma beleza.
Mas hoje não quero falar de mim, não. Falei de mim o ano todo. Vamos falar de todo mundo.
Alguém postou na minha timeline do Facebook uma matéria da Istoé sobre anjos. Hmmm, pra valer capa de uma revista semanal o assunto tá rendendo. Tem gente demais correndo atrás disso. Eu não conheço o assunto pra discuti-lo com propriedade (é bem mais complexo do que na Igreja e a versão corrente no esoterismo é bem diferente da do espiritismo de Kardec, que é a que conheço melhor). Mas é óbvio que tem alguma coisa que leva as pessoas a isso, que vai muito além do hype ou da propaganda.
Duvida? Vejamos. O tema é totalmente off-circuit, porque força a pessoa a acreditar em alguma coisa além do racional e do concreto.
Mas por que sair do confortinho atrai? Muita gente pede coisas para os anjos e dá certo. Os anjos podem interferir nas vidas humanas de formas extraordinárias. Ahn, eles são super poderosos... E os meios conhecidos não são mais suficientes.
Não mesmo. Todo mundo está de saco cheio!
Esse foi um dos efeitos coletivos do purgante de 2011. Parece que quiseram que a gente se virasse nos trinta pra parar de acreditar tanto que a vida é do jeito que é, que não tem mais jeito etc.
E, pelo jeito, boa parte do povo que "desacreditou" acha que os anjos são a solução pra isso.
Eu, cá pra nós, acredito que a solução está dentro de cada um de nós e os anjos, assim como as religiões e tantos outros métodos e cultos, são apenas um meio pra alcançarmos o que já temos. Já espoliaram tanto a nossa autoestima e a nossa integração com o universo que precisamos de MUITOS intermediários para encontrarmos a nós mesmos.
Mas de intermediário em intermediário vamos chegando cada vez mais perto disso, um pouquinho de cada vez. Só não vale achar que o intermediário é a resposta definitiva. Senão vamos substituir a atual ordem pela, digamos, ordem dos anjos, com as pessoas igualmente submissas a algo que elas não entendem e perdidas de novo nas mesmas catacumbas de antes...
(E dá-lhe remédio pra lombriga outra vez.)

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