terça-feira, 27 de dezembro de 2011

New York Diaries, days 1-2

Cheguei em Nova York ontem, por volta das 15h daqui. Um dia bem bonito, ensolarado, apesar de frio. Um pôr-do-sol que não devia nada para os da Anhanguera. O céu aqui é limpo, a lua (agora crescente) parece maior e mais visível.
Peguei um táxi "coletivo"que rodou a cidade inteira antes de chegar na casa do Pedro e da Letícia - mas foi legal, porque deu pra ter uma ideia do centro "nervoso"da cidade, onde se concentra a maior parte dos turistas e das lojas enormes. Deu vontade de descer e ficar ali só acompanhando o movimento. Primeira impressão: cidade agitada, movimentada, mas charmosa, estilosa. Calçadas largas, boas pra andar de bicicleta, cheias de gente e de luzes.
O Pedro e a Letícia moram em Upper West Side, um bairro residencial muito bom, com ótimos restaurantes, boa oferta de serviços e bem servido de metrô. A vizinhança é mais ou menos assim:

Andar nas ruas também evoca vários cenários de Seinfeld, com aquele baixo característico que entra nas trocas de cena tocando na cabeça.


Jantamos num restaurante ao estilo belga (!), com muita batata frita e frutos do mar. Olha quem tava fazendo bagunça no restaurante:

Rever o Martín foi o evento do dia, claro. Ele tá muito grande, cresceu muito desde que saiu do Brasil. Mas lembra de todas as brincadeiras e bobeiras da tia.
Hoje, fui fazer o passeio turistão básico da Estátua da Liberdade. Passei quase o dia todo lá e em Ellis Island, onde fica o Museu da Imigração (no prédio em que os imigrantes eram recebidos nos Estados Unidos, no início do século XX).
Fui para South Ferry (de onde saem os barcos para lá) de metrô. Andar de metrô é divertido, não só para ver vários cenários de filme (lembrei especialmente da luta entre Neo e Smith no final do primeiro Matrix) como para observar as pessoas. Impressionante como praticamente todo mundo no trem saca um iPhone enquanto viaja. Pra não dizer que não vi outro telefone, vi um Motorola e dois Blackberries.
Todo mundo anda muito sério e compenetrado. A Letícia tinha comentado que a cidade é repleta de pessoas solitárias. Certamente isso é consequência do fato de que as pessoas são fechadas e interagem minimamente com os outros. Aliás, até acho que sacaram que eu era de fora porque eu sempre desejava bom dia e agradecia. (E o máximo que eu recebia em troca era um "howdy" - "como vai" rápido; "you're welcome" ninguém disse, exceto o moço da farmácia-supermercado que tem aqui perto...)
Ouvi várias vezes no metrô anúncios de que pacotes de aparência suspeita que porventura sejam abandonados nas estações devem ser denunciados à polícia. No passeio Estátua da Liberdade - Ellis Island, tivemos também de passar por uma revista tão rigorosa quanto a de um aeroporto. Obviamente, efeitos do 11 de Setembro. Apesar do evidente trauma ainda presente, não senti apreensão nas pessoas por causa da evocação constante do fato por meio dessas medidas; tive a impressão de ter sentido até um certo conformismo. (Mas só vivendo aqui por um tempo pra ter certeza.)
No passeio tinha fila pra tudo e vento na cara (com chuva de tarde). Dois traslados de barco, um para a estátua e outro para Ellis Island. Cansativo, mas básico; é como ir a Roma e não ver o Bento.

Corajoso foi quem andou ali na parte de cima do barco com o vento que tava fazendo!
Chegar na ilha da Estátua é encarar um festival de patriotismo. Não acho errado ou exagerado. Acho que nós, brasileiros, não valorizamos a nossa pátria, isso sim. Lembro de ter visto no México um apreço semelhante pela história e pelo sentimento de nação, e isso já tinha me chamado muito a atenção porque nunca vi nada semelhante no Brasil.


E esse é o famoso horizonte de Manhattan que vemos em filmes a torto e a direito.
O habitante mais comum da ilha da Estátua e de Ellis Island é a gaivota, num nível semelhante ao da pomba na Praça da Sé. Desvios estratégicos para evitar torpedos desagradáveis eram extremamente relevantes.
O Museu da Imigração é impressionante. Não só o espaço do antigo prédio da imigração é muito bem aproveitado, como também os caras são muito criativos para detalhar determinados trechos de história e entender como as diferentes culturas estrangeiras colaboraram para formar a cultura americana.

O linguista nerd dentro de mim pulou quando viu a Word Tree, na qual há exemplos de palavras do inglês americano de origem estrangeira e a respectiva língua da qual se originaram:
Quando entrei na Registry Room - o pátio em que os imigrantes eram recebidos pelas autoridades administrativas americanas -, vi na hora aquele lugar repleto de pessoas carregando baús pesados e sacos, e não os turistas tirando fotos. A própria narração do áudio que eu levava comigo dizia o quanto o lugar era tenso e deixava o imigrante desconfortável. Tentei pegar em várias fotos algum sinal desse desconforto mas não consegui, de tanto que o lugar estava limpo, encerado e enfeitado.
A sala em que se podia ver a documentação que outrora pertenceu a imigrantes (passagens de navio, passaportes etc.) é linda. Mostruários enormes de documentos preenchiam a sala. Minha cabeça ficava o tempo todo comparando essa situação com a dos imigrantes que iam para São Paulo (fluxo que estudei para a dissertação de mestrado).
Depois de um longo rolê pelo museu, de ver mais fotos e cenários ligados a culturas estrangeiras que vieram para cá, deu fome. Eram três e meia da tarde. Eu e um casal de campineiros que conheci na fila do barco, a Juliana e o Maurício, fomos almoçar perto do Marco Zero. Pedi um hamburger vegetariano... E olha o que veio. Essa é pra você que quer virar vegetariano porque quer emagrecer.
(Estava tudo delicioso. O hamburger é de aveia e grãos.)
Tentamos ir até o Marco Zero e, no restaurante, até encontramos um funcionário do memorial que nos explicou como conseguir os ingressos. Mas a fila para entrar estava gigante, a chuva e o frio estavam aumentando e eu não encontrava de jeito nenhum a rua onde havia a distribuição de ingressos. Então me despedi dos campineiros e peguei o trem de volta para Upper West Side. O Marco Zero ficou pra outro dia.


Destaques aleatórios
*Coisa surreal: a escova elétrica que comprei, que deve ter um motor tão potente quanto um carrinho de autorama.
*Coisa prática: a caneta de esmalte de unha (!!), ótima para uma viajante perua que não quer ter trabalho, como eu.
*Coisa sem noção: os comerciais da Globo Internacional, que estão longe de fazer jus ao país mais criativo em publicidade no mundo.
*Quase tudo se vende em quantidades-balde (=grotescas), desde o removedor de esmalte até o molho de tomate.

Um comentário:

Ju Chica disse...

há , quero uma caneta esmalte !!! Muito boa idéia para pessoas vaidosas mas sem coordenação como eu ...eheeh