quinta-feira, 23 de junho de 2011

Liberdade (?)

Manchete do IG outro dia: programa de paulistano agora é marcha. A Para Jesus e a Parada Gay são dois clássicos de junho. Mas tivemos também a da Liberdade, a das Vadias, o churrascão da gente diferenciada e por aí vai, todos adicionados às manifestações grevistas básicas do costume na Paulista. E não sei se é só impressão minha, mas parece que os meus "convites para evento" no Facebook são todos para alguma marcha não-sei-do-quê.

Aham, liberdade de expressão, né, gente? O STF que o diga. Muitas absurdidades são ditas e feitas em nome da dita cuja. Mas, enfim, liberdade de expressão é preceito constitucional garantido a todos, e essa expressão pode acontecer das mais diversas formas, incluindo manifestações. (OK, OK, apologia ao crime não precisa ser, ao contrário do que acha o nosso Pretório Excelso, mas isso dá pano pra manga pra outra discussão - jurídica...)

No meio dessa fuzarca de gente querendo dizer o que quer, só tenho medo de que essa mesma gente não se disponha a ouvir o que não quer. Por exemplo: chegue para um sujeito dessa Marcha da Liberdade e diga que a maconha é a porta de entrada para as drogas pesadas, bem como que não é todo mundo que fica só no baseado.

Há boa chance de o cara dizer que ele tem o direito de fumar maconha. Tem mesmo. Mas ele que plante a cannabis dele no quintal, para não financiar o tráfico, e também não trafique a produção independente dele. Ele faz dos neurônios dele o que bem quer, mas, quando a questão muda para o nível social, passa a ser meu problema e das outras pessoas também.

Nível social? É. Saúde pública e segurança pública são diretamente afetadas pelo consumo de maconha. Molecada que acaba com o pulmão e o cérebro, correndo ainda o risco de acessar drogas piores, mais destrutivas. Traficantes que brigam por poder e acabam gerando situações de guerra civil + viciados que, em situações de dependência extrema, não pensam duas vezes em matar para roubar e sustentar o vício. Se isso não for impacto social, não sei mais o que é.

Enfim... Espero que a galera dos protestos, em geral, seja flexível para aceitar outros pontos de vista. Só isso. A história está aí pra mostrar que os revolucionários podem ser tão ou mais sanguinários que os ditadores.

Só pra lembrar: a liberdade de uma pessoa acaba quando começa a da outra. Então tá.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Brasil mulheril

Com a escapulida pela esquerda do Palocci, sua vaga na Casa Civil ficou para uma mulher. Hmmm, mal estávamos acostumados com a nossa primeira presidente... Legal, né? Os dois principais cargos do Executivo nacional são de mulheres.

Não conheço o trabalho da senadora Gleisi, a nova ministra da Casa Civil (cargo que, sintomaticamente, já foi da Dilma). Não posso palpitar se ela vai ou não mandar bem. Obviamente, espero que ela se dê bem na nova empreitada (ora, afinal, como cidadã brasileira tenho interesse nisso). Mas o que mais me chama a atenção é esse lance de progressivamente passarmos a um Brasil mulheril. Imagina se a Carmen Lúcia assume a presidência do Supremo com essa configuração do Executivo. Seria o próximo passo para fortalecer ainda mais a mulher no panorama político nacional.

Vejam bem: esse fortalecimento não necessariamente significa que a mulherada vai fazer um governo melhor ou pior que o de um homem. Mas pode ser um sinal de que estamos chegando a alguma paridade entre homens e mulheres (ou pelo menos tentando chegar nisso).

Meninos, se coloquem no lugar da irmã, da prima ou da namorada. Imagine ter de ouvir pela milionésima vez cantada de pedreiro enquanto faz caminhada. Ou de ouvir trocentas vezes sobre casos de violência doméstica em que mulheres são submetidas às situações mais nojentas. Ou de ver gringo falando que vem pro Brasil pra pegar mulher. Existe uma desigualdade de tratamento e de apreciação, sim. E quem achar que não pode ser contraditado com aquela famosa máxima de que nosso país é falsamente não preconceituoso, com relação a negros, homossexuais etc., pra ficar só no básico.

Tô na torcida para que a exposição política mulheril ajude, pelo menos, a mudar esse quadro. Pelo menos...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ministro diferenciado

Fiquei passada com a entrevista do Palocci no JN sexta. Já era para ter escrito aqui, mas, enfim, não consegui. Mas espere! O que me deixou passada não foram as justificativas do ministro.
Foram quase duas partes inteiras do jornal mostrando a tal entrevista. OK, até aí tudo bem; o sujeito tinha mesmo que dar uma explicação para aquele aumento de patrimônio. Mas por que só fizeram isso NESSE caso?
Pra mim deveriam pegar deputado por deputado, senador por senador, e botar o cara pra falar sobre o que ele tem feito (ou não) em prol do Brasil. Um por dia. A gente podia começar com a Jaqueline Roriz. Que tal?
Ou então com o Sarney, pra ele explicar o que foi aquilo de tirar o impeachment do Collor da linha do tempo da história do Senado, como se não fosse um fato importante. Bom, foi um dos fatos mais importantes da história recente do Brasil. Foi uma mostra de poder do povo, assim como o protesto da "gente diferenciada" e a própria queixa da galera com relação a esse ato do nobre senador.
Taí um bom assunto pra um abaixo-assinado ou um churrascão em Brasília... Agora o diferenciado é o Palocci. Por que só ele tem que dar explicações, né não?