Acho que todo mundo que curte literatura já teve sua fase pessoana. Os mais malucos vão até dizer que passaram por todos os heterônimos... Bom, sei lá, pra mim a obra de Fernando Pessoa é única, por mais característico e particular que seja cada heterônimo (e ele mesmo).
Mas o que importa é que estou muito pessoana. Estou tão absorta nos poemas por conta de um trabalho da faculdade que, hã, estou "entrando" neles. Estou meio sorumbática e tentando racionalizar sensações... Sintomático!
E ultimamente não tenho entendido direito o que se passa comigo. Desafios estranhos, intolerabilidade extrema para coisas grosseiras, descontrole emocional. Nunca fui muito com a cara do Álvaro de Campos, mas nesses dias tenho me identificado muito com ele. Será que é porque ele é porra-louca e enxerga sob as aparências?
Não sei qual é o sentimento, ainda inexpresso,
Que subitamente, como uma sufocação, me aflige
O coração que, de repente
Entre o que vive, se esquece.
Não sei qual é o sentimento
Que me desvia do caminho,
Que me dá de repente
Um nojo daquilo que seguia,
Uma vontade de nunca chegar a casa,
Um desejo de indefinido.
Um desejo lúcido de indefinido.
Quatro vezes mudou a 'stação falsa
No falso ano, no imutável curso
Do tempo consequente;
Ao verde segue o seco, e ao seco o verde,
E não sabe ninguém qual é o primeiro,
Nem o último, e acabam.
Isso é do Campos, mas podia ter sido eu. É bem o que estou sentindo... E o mais maluco é que não tenho muito motivo pra reclamar, não. Tem muita coisa boa acontecendo na minha vida, graças a Deus. O estranho é que não consigo me livrar da sensação de que tem alguma coisa mais remexendo, e não é só o meu miolo.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O que moveria um ser essencialmente noturno (leia-se: que gosta de acordar tarde e dormir tarde) a acordar cedo, no dia do rodízio, com o puta frio que tá fazendo de manhã em SP?
O Discovery Channel!
Explico. Eu amo arqueologia, mas meus contatos concretos com a matéria são limitados às aulas de história da escola e ao Discovery Channel (OK, OK, quanto ao Egito antigo eu fuço em tudo que é lugar).
E estou tendo um semestre muito arqueológico na faculdade. Depois de um trabalho de reconstrução do tronco linguístico Tupi que me fez virar noites em claro, surgiu a oportunidade de participar de um trabalho de reconstrução da variante linguística paulista.
Esta que vos fala está aproveitando seu diploma em Direito para vasculhar depoimentos e testemunhos prestados em processos criminais do arco da velha. E esse foi o motivo dos fatos descritos no primeiro parágrafo: o que me motivou a todo aquele esforço sobre-humano foi o meu momento Discovery Channel linguístico.
Além de descobrir uma riqueza de vocabulário interessantíssima (duvido que o sentido que o Houaiss aponta para "cangalha" seja o sentido que um sujeito usou num caso pra xingar uma mulher), estou me sentindo Indiana Jones (um sonho de criança) ao mexer naquela papelada caindo aos pedaços e com cheiro de mofo.
Tudo o que tenho a dizer é: fazer o que a gente ama é diversão! Eu já me sinto privilegiada por trabalhar com livros, os objetos do mundo que eu mais adoro. Fazer arqueologia linguística, então, tem sido um must!
O Discovery Channel!
Explico. Eu amo arqueologia, mas meus contatos concretos com a matéria são limitados às aulas de história da escola e ao Discovery Channel (OK, OK, quanto ao Egito antigo eu fuço em tudo que é lugar).
E estou tendo um semestre muito arqueológico na faculdade. Depois de um trabalho de reconstrução do tronco linguístico Tupi que me fez virar noites em claro, surgiu a oportunidade de participar de um trabalho de reconstrução da variante linguística paulista.
Esta que vos fala está aproveitando seu diploma em Direito para vasculhar depoimentos e testemunhos prestados em processos criminais do arco da velha. E esse foi o motivo dos fatos descritos no primeiro parágrafo: o que me motivou a todo aquele esforço sobre-humano foi o meu momento Discovery Channel linguístico.
Além de descobrir uma riqueza de vocabulário interessantíssima (duvido que o sentido que o Houaiss aponta para "cangalha" seja o sentido que um sujeito usou num caso pra xingar uma mulher), estou me sentindo Indiana Jones (um sonho de criança) ao mexer naquela papelada caindo aos pedaços e com cheiro de mofo.
Tudo o que tenho a dizer é: fazer o que a gente ama é diversão! Eu já me sinto privilegiada por trabalhar com livros, os objetos do mundo que eu mais adoro. Fazer arqueologia linguística, então, tem sido um must!
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