quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Nestes tempos de too much information, chega uma hora em que não sabemos muito mais o que pensar. É tanta gente que acha isso e aquilo que o nosso próprio achar fica descompensado.
Não precisa ficar lendo todos os jornais e sites de notícias. Uma passadinha no Facebook ou no Twitter já mostra isso. Todo mundo quer convencer todo mundo da sua verdade. O noticiário é mais comentado nas timelines do que na própria imprensa. Se o sujeito resolve levar a sério cada detalhe de cada argumento, fica doido, perde a noção da realidade.
Eu tava entrando nessa onda e me senti por várias vezes pisando em gelatina mole, porque não é fácil dar conta do fluxo de informação. E tenho uma mania sagitariana danada de sempre querer chegar na verdade. Mas confesso que fazia isso também um pouco por influência daquele pensamento muito em voga de que a gente tem que ser perfeitinha inclusive nas opiniões (inevitável pensar em "Fitter happier", do Radiohead: "an empowered and informed member of society").
Mas tudo muda todo dia, com rapidez tão grande que a gente esquece facilmente o viral de ontem. Não dá pra ser perfeito nesse ponto (aliás, em ponto nenhum), sob pena de não se saber mais onde está a realidade e onde está a invenção da cabeça dos outros. O resultado, usando uma imagem forçada, é como se a gente ficasse em dúvida sobre se jogar do penhasco ou não, porque não sabemos se fomos nós mesmos que decidimos isso ou se falaram tanto que acabamos fazendo. É justamente ao contrário do que eu procuro. Não se chega na verdade.
Mas será que eu chegaria na verdade, anyway?     

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Texto meu sobre Netuno em Peixes, no blog da Binha Martins:
http://grandearte.blogspot.com

sábado, 14 de janeiro de 2012

Na véspera de Natal tive um sonho louco. Andava por um caminho escuro até ver uma luz ao longe. Luzinha meia-boca, mas tava valendo.
Tinha uma pessoa ali. Fui chegando perto, perto, perto... E pasmei quando vi a criatura.
Era eu mesma. Mas não era como olhar no espelho. Imaginem aquela louca que era interpretada pela Helena Bonham Carter nos filmes do Harry Potter, mas com cabelo curto e escorrido. Ela ria da minha cara como se tivesse ouvido piada do Costinha.
Achava graça porque eu deixava pra lá quando, por exemplo, alguém vinha pela milionésima vez "avisar" algo achando que eu não soubesse, com falsa modéstia; quando eu decidia não me vingar de alguém que fazia algo com o que nao concordava; quando eu devolvia troco que veio a mais... E assim por diante.
Claro que ela fazia tudo pelo avesso. Fazia umas coisinhas ainda piores. Mas sabe o que foi o mais louco? Achei legal isso! Era como se eu desabafasse desejos maus que o superego bloqueia pelo treino, pela educação.
Acordei assustada e sem entender direito. Nestes dias me peguei pensando muito nisso de novo, porque ouvi demais sobre a sombra e o lado negro da personalidade, que todo mundo tem mas que fica escondidinho. Essa conclusão de que alguma coisa driblou o superego para que esse sonho aparecesse só veio agora, porque, naquele momento natalino, a coisa foi tão perturbadora que a mandei para as catacumbas da mente, de onde ela veio.
Pensei que a dita sombra estava fazendo um esforço para se mostrar, maior do que nunca. Isso me preocupou, especialmente porque eu ainda tenho (e admito) preocupação exagerada com o que as outras pessoas pensam de mim. Imagina se isso estivesse transbordando e o ascendente Libra aqui não se comportando direito, que feio! Sem falar que tem todo aquele lance de freio social e de correção espiritual, que martela um monte na cabeça numa hora dessas.
Ok, essa manifestação (se ela pode ser considerada assim) deve ter ocorrido por um motivo. A minha sombra nunca se mostrou, ao menos não de forma ostensiva. Ela parecia querer que eu estivesse consciente da sua existência.
Consciente! Por mais assustador que tenha sido me ver vestida de bruxa má pós-moderna, isso não deixa de ser uma vantagem. Pra mim ficou claro que ainda tenho que comer muito feijão antes de me considerar uma pessoa evoluída, que realmente vibra numa oitava superior. Não revidar provocações, não me vingar de ninguém, não enganar ninguém seriam mais consequência da boa educação que tive do que expansão do que realmente vai na minha alma? Isso tem sido uma espécie de prego afiado que tem me pinicado muito esses dias, de um jeito bem dolorido. Mas ter essa consciência facilita muito o começo de um trabalho para reverter esse quadro, porque sei que tenho de transformar possíveis condicionamentos sociais em sentimentos de alma.
Transmutando condicionamentos em sentimentos, também posso extirpar a preocupação com tudo-que-os-outros-vão-dizer. O condicionamento serve de muleta social; o sentimento sincero simplesmente acontece e não procura aprovação.
Hmmm, acho que agora entendi o que Don Juan queria dizer quando afirmou ao Castaneda que "nada importa"...


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

New York Diaries, last chapters

No meu último dia inteiro em New York, fomos ao Riverside Park, perto da casa do Pedro e da Letícia. Além de ser muito bem cuidado e bonito, o parque é interessante porque margeia o Rio Hudson - é, portanto, um parque "comprido", esticado, não quadrado ou redondo como estamos acostumados.
Lá pude perceber que o Martín continua praticando o bom e velho soccer, bem como continua parando o jogo para ver os aviões...
Depois de um suculento sanduíche de rosbife no Lenny's (uma rede de lanchonetes conhecida pela comida saborosa), fui com o Renato e a Mariana para o Brooklin, para conhecer a famosa ponte.
Mas antes fomos passear na Brooklin Heights Promenade, que também é um clássico de New York. No final da tarde, então, fica charmoso demais. Novos ângulos para se ver Manhattan...

As imediações são tranquilas, com aqueles predinhos baixos estilosos. Mas, segundo o Pedro, apenas esse trecho do Brooklin é bacana; o resto está meio degradado.
Conforme nos aproximávamos da Ponte do Brooklin, ia juntando mais gente. Turistas, claro. Todo mundo tirando foto a torto e a direito. A pista da ponte era dividida em duas faixas, uma para pedestres e outra para ciclistas. Mas o povo usava na cara dura as duas pistas, o que deixava os bikers (todos locais) passados. Eles começavam a "buzinar" com aqueles chocalhos de bicicleta e gritavam "bike path" o tempo todo. Mas não adiantava muito... (No trecho abaixo a coisa ainda não tava tensa.)
Um trecho da ponte estava em reforma e não dava para ver direito a paisagem, mas, depois, mais para perto de Manhattan, as "vendas" caíram. Conforme o sol foi se pondo, a paisagem foi ficando cada vez mais linda.
Depois de passarmos por uma massa de turistas enlouquecidos, chegamos a Manhattan. Me despedi dos meninos e peguei o metrô para Upper West Side.
Chegando na minha "casa" novaiorquina, tive de começar a fazer as malas. E pensava que Deus podia causar algum delay que me permitisse ficar um pouquinho mais! Isso foi um sinal de que a viagem foi boa. Mas não rolou vulcão causando na Argentina nem chuva paralisando o tráfego aéreo em São Paulo; então eu tinha mesmo que ir.
Cheguei em São Paulo na noite do dia 2, toda amassada, com saudades de New York, mas foi reconfortante ver meus pais, mostrar as fotos e entregar os presentes. Ter família espalhada pelo mundo é legal para quem adora viajar, como eu; porém, há o lado ruim, de não poder juntar todo mundo no mesmo lugar. Mas acho que eu me acostumo!

Destaques aleatórios
*Quando o Martín estava jogando bola no Riverside, ganhou a companhia de dois menininhos, um da idade dele e outro um pouco mais velho. Só o mais velho jogava... E o Martín insistia em tirar a bola do gol quando estava prestes a fazer um.
*Dúvida cruel: afinal, o que eram todos aqueles cadeados presos nas vigas da Ponte do Brooklin? Simpatia de Ano Novo?
*Foi indo para o JFK que tive a única conversa em espanhol da viagem, com o taxista (equatoriano). Achei que isso aconteceria com mais frequência...