sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Depois que fui morar no interior, voltar a São Paulo é sempre um choque. Embora eu goste daqui e aproveite bastante a cidade no final de semana, já tô me sentindo meio alien quando enfrento situações que antes achava "normais".
Marginal Tietê, 17h45 da tarde. Olho pro carro do lado no trânsito parado. Tem um sujeito agarrado no volante com cara de robô, calculando como vai enfiar o automóvel entre o meu carro e o carro que está na minha frente. O indivíduo do outro lado também está com cara de robô, mas de robô conformado, que não liga em pegar o mesmo bat-trânsito todo dia.
Eu já fui assim. A cada dia, alternava entre o robô "ixperto" e o robô conformado. Quase cidadã vinhedense que sou, dei passagem para carros que queriam mudar de faixa sem problemas, quando o "normal" seria passar reto (os conformados passam reto também, porque estão tão anestesiados que nem prestam atenção no outro).
Esse choque de realidade me fez perceber que, embora as grandes cidades sejam lugares realmente mágicos em termos de conhecimento e contato com situações as mais diversas, também são alienantes. O indivíduo perde a individualidade no meio do montão e vira estatística, ou então faz coisas erradas porque "todo mundo faz".
E outra. Em Vinhedo as pessoas dariam bom-dia até para os postes da rua, se estes soubessem falar. Aqui em São Paulo as pessoas parece que têm medo umas das outras. Vizinhos não se conhecem, pessoas que trabalham no mesmo lugar não se falam. Essa coisa de megalópole cheia das "coisas" perigosas que o Datena diz que tem aqui deixa as pessoas tensas, sem confiança no próximo.
E pensar que a gente nasceu criança, que confia o tempo todo em tudo até que um adulto vem e corta o barato. Jesus tinha razão quando disse que o caminho do céu está em voltar a ser criança. Ser inocente, puro e confiante como uma criança. Não é fácil, porque estamos programados para agir da forma contrária. Mas não custa tentar.    

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