O evento da semana é um casamento real, porque um dos consortes é um príncipe do Império Britânico. Chique, né? Mas será que é real, verdadeiro, cheio de amor? Sei lá. Só leio revista de fofoca no cabelereiro. Mas, trazendo a polissemia do termo "real" para o nosso dia-a-dia, noto que é bem difícil manter o príncipe/princesa como tal na realidade nua e crua.
Às vezes é preciso pouca coisa. Uma palavrinha fofa, um sorriso. Conforme a situação em que o casal esteja, precisa um pouco mais: perdão, presente, cair de joelhos, quebrar a rotina.
Porém, outras vezes deixamos a rotina nos contaminar, e deixamos o ser amado em segundo plano, não obstante as pessoas que amamos, sejam quais forem, devam ser sempre prioridade. Outras vezes quem nos contamina são outras pessoas, opiniões distorcidas, bobageiras oriundas de outras mentes, cujo conteúdo não necessariamente precisa coincidir com o da nossa.
O "real" da realidade congela e aleija relacionamentos, não necessariamente amorosos, mas também de amizade e de família. Gozado como temos a tendência a colocar todo o resto na frente desses relacionamentos. Mais gozado ainda é que levaremos pela vida esses relacionamentos e não todo esse resto. Esquisito... Porque nossos amados tenderão a nos colocar em primeiro lugar.
Quando estivermos precisando de estímulo, nosso parceiro amoroso não vai medir esforços para nos animar.
Quando precisarmos de um cafuné, nossa mãe vai estar lá pra providenciar isso.
Quando precisarmos confessar uma besteira que fizemos e arrumar uma solução para ela, nosso melhor amigo vai colocar os ouvidos à disposição.
Mas a gente não retribui à altura. Sempre tem alguma coisa mais importante. O real, duro, tosco do dia-a-dia acaba sempre prevalecendo sobre essas pessoas, impedindo que possamos ter uma relação real, rica, iluminada. É muito fácil para nós retribuir uma grosseria. Por que não é tão fácil assim retribuir amor?
Bom, ter uma relação real (=iluminada) só depende de avaliarmos devidamente o real (=realidade) com os óculos corretos. Os óculos do amor. Brega, porém verdadeiro.
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