O Eduardo tem grudada na parede do quarto a seguinte frase de Jung: "Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda". Não parece nada mais do que aquele velho aforisma do "conhece-te a ti mesmo", expandida. Mas ela é importantíssima, considerando que vivemos num mundo em que, o tempo todo, estamos sendo puxados para fora de nós, para vivermos hipnotizados, numa vida de sonho.
Já é meio chavão ficar repetindo que estamos numa sociedade de consumo, que somos marionetes de um sistema podre etc. Mas, ao mesmo tempo em que escutam isso o tempo todo, as pessoas acham bonitinho e não movem uma palha pra fazer diferente.
Porém, é preciso considerar também que olhar para dentro é um processo difícil; quase que automaticamente, apagamos da consciência o fato de que somos suscetíveis a praticar atos maldosos, à fragilidade, à contestação de nossos credos. Por causa disso, terapias são, frequentemente, processos dolorosos. Mas, passado o impacto inicial, parece que entramos num acordo conosco, e entendemos o processo que nos leva a ter certos comportamentos.
Não adianta botar a culpa dessa falta de self-knowledge no computador e na internet, falar o tempo todo para o povo ficar sem computador num dia, de forma a olharem mais para dentro delas. As pessoas não compreendem; elas vão apenas praticar por conta da influência da mídia (e porque fica bonitinho falar que fez isso para os amigos avant-garde). Aliás, pode ser que a sua missão na vida seja mesmo ficar o dia inteiro na frente do computador, seja escrevendo, seja compilando informação, seja criando programinhas e apps.
(Em off: cá para nós, todos esses pedidos politicamente corretos generalistas são um saco, não? Que adianta "hora do planeta" se as pessoas não têm consciência da importância de se economizar energia no resto do ano? Fecha parênteses.)
Os responsáveis por essa tragédia humana do "estar fora de si" são muitos e já aparecem desde os tempos mais primórdios, como diriam Hermes e Renato. Sim, são os que você está pensando. Nem precisa contar, né? Basta remexer o miolo de volta à sua aula de História.
E não há fórmula pronta para voltar para si. O que não falta por aí são métodos e propostas (que bom que a gente vive nesta época!). De repente, basta apenas fazer como Benjamin Franklin, que anotava tudo o que tinha feito no dia para avaliar depois o que era bom e o que era ruim.
É uma baita missão para a semana: perguntar-se o que a vida quer de mim. Certamente não deve ser assistir o BBB. kkkkk
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