sexta-feira, 12 de outubro de 2012


Ruminando sobre aquela frase de Jesus sobre termos a pureza do coração da criança, me veio à mente o quanto nós, adultos, somos "programados para matar".
Evidentemente, essa programação não necessariamente segue no sentido literal. Mas o fato é que, a partir de uma certa idade, começamos a ser bombardeados com uma série de informações e vamos entupindo o coração puro de poluição e de porcariada. A falta de amor e de respeito entre as pessoas e os valores da sociedade é que fazem isso com a gente.
E aí, quando chegamos a uma outra certa idade, começamos a ficar cheios de saudosismo pensando que "no nosso tempo tudo era melhor". Ressentidos, descontamos frustrações nos outros, ou mesmo em nosso próprio corpo (ficando doentes), e nos arrastamos pelo resto de nossas vidas como se carregássemos um fardo e não uma vida que só depende de nós mesmos para ficar melhor. Portanto, o que torna nossa vida melhor ou pior é o nosso coração, e o das crianças, via de regra, ainda não está tão traumatizado.
Aliás, tenho sérias dúvidas sobre se a vida quando eu era pequena era melhor. Era a mesma coisa ou até pior. Os brinquedos tinham pontas afiadas e a bala Soft podia engasgar. O Brasil estava bem longe de ser pop como está hoje, disputado para investimentos internacionais e escolhido para sediar uma Copa e uma Olimpíada. A tecnologia era tosca de doer. E era muito mais difícil conseguir informação.
Cada dia é um dia, com sua própria preocupação, como dizia o poeta. A noção de passado e de futuro só existe na cabeça dos homens. Lembrar disso é fundamental para que nos arrisquemos menos a "matar" a nossa própria vida com crenças erradas.
E daí me vem a ideia de que Jesus, na verdade, queria dizer que sempre devemos estar tranquilos e nunca fazer drama. Que devemos dar atenção aos outros da mesma forma, independentemente dessas pessoas terem feito o bem ou o mal para nós. Que o que aconteceu no passado aconteceu e pronto, acabou. A criança age assim.



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