Eu normalmente escrevo aqui pra reclamar, questionar etc. etc. E esse Carnaval prometia mais disso... Já passei por aquela situação de estar no exterior nessa época e os gringos me perguntarem por que é que eu não estava no Rio. Porque simplesmente detesto! Sem falar que a energia fica MUITO densa nesta época por causa do povo se preparando para chutar o balde nos bailes, para soltar todos os desejos reprimidos de um ano inteiro e que elas não sabem extravasar na vida diária.
Mas a perspectiva deste feriado, que prometia ser de pura preguiça, mudou do avesso, por causa de fatos singulares de uma sexta-feira de Carnaval. E me vi forçada a escrever em favor das pequenas alegrias que às vezes nos passam despercebidas. OK, pode ser até meio meloso e cafoninha. Mas é a vibe em que estou agora. Não tô me incomodando muito em parecer assim. (Deve ser Netuno em Peixes, deixando a gente meio sonhadora.)
Tudo começou com a vinda para São Paulo. Para driblar o trânsito da Marginal e do Anhembi, vim pela rota D. Pedro/Fernão Dias. Gosto muito desse caminho porque é bonito, pena que não seja o mais rápido - senão o faria mais vezes. Mas ontem o pôr-do-sol foi espetacular. Fazia uma neblina fina que difundia os raios do sol; o céu ficou meio amarelo, meio laranja, contrastando com nuvens cinza-escuro de chuva. Parecia cenário de filme de fantasia. Me senti atraída para aquele céu, mas tinha que me lembrar que não podia olhar muito pra ele, porque estava dirigindo!
E me vi dividida entre esse mundo de sonho e o mundo real, viajando mesmo na maionese mesmo com todas as curvas e caminhões da Fernão Dias. Que coisa engraçada. É muito fácil isso acontecer quando estou na cama me preparando pra dormir. Mas ter essa sensação assim, disparada por um pôr-do-sol bonito (vejo vários em Vinhedo...), foi algo fora do normal. Arriscado para quem está dirigindo - mas um bom sinal de que estou cada vez menos presa a coisas-que-todo-mundo-quer-que-eu-faça.
Mais tarde, chego na casa dos meus pais e vejo uma cena que não via há muito tempo - toda a família reunida, meus irmãos numa disputa acirrada de futebol no videogame, o Martín correndo para todos os lados e um clima incrível de alegria. Sim, alegria. A casa dos meus pais é muito grande e normalmente vazia, as pessoas estão sempre de passagem por aqui. Mas ontem senti algo realmente diferente e que parecia contagiar a todos. Nada como bastante distância e ausência para que a gente perceba a importância das pessoas na nossa vida.
E esse Carnaval, que prometia horas de televisão e sono, vai ser animado. Não no sentido de que vou cair no samba. Mas de que estou com olhos e ouvidos abertos pra navegar no meio das insanidades tão próprias desse feriado através das belas sutilezas de coisas aparentemente comuns, o que torna totalmente desnecessário afogar-se em alegria artificial.
Um comentário:
Nath!!!
Que felicidade boa!!!
Aproveite cada segundo!!!
Bjs no coração,
Binha
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