domingo, 3 de julho de 2011

Pequenas pessoas grandes

A capa da Veja em São Paulo desta semana reviveu uma questão que gerou uma polêmica outro dia entre meus 6 amigos do Google Buzz (sim, existem pelo menos 7 pessoas que usam isso!). Bom, a dita capa fala de grifes para adultos que estão fazendo modelos em versão infantil. Não se trata de moda infantil de grife, mas sim de moda adulta para crianças, que estão interessadas nisso.

Aham. As crianças de hoje são superexpostas a informação. É fato. E é bom, na medida em que os cerebrozinhos são estimulados mais cedo, o que os deixa mais prontos para questões intelectuais. Mas passa a ser ruim, quando a criança deixa de curtir a despreocupação e as descobertas da infância em prol da seriedade da vida adulta (a qual nem os próprios adultos sabem se é legal para si mesmos...). Alías, tem adulto por aí descobrindo que o segredo é ser criança sempre. E um tal de Jesus falou exatamente nesses termos: vai longe quem é simples e despreocupado como uma criança.

OK, vão dizer que não tenho filhos e que não sei como é difícil negar um desejo para seu filho. Bom, não sou mãe, mas já na qualidade de tia sei que realmente é difícil dizer não para o Martín. Não conta como relação de mãe e filho, mas é um começo.

E quando tiver filhos vou realmente me policiar para evitar esse argumento "protecionista", pois é com base nele que muitos pais vão entulhando os filhos com uma vida de adulto.

Essa moedinha tem outra face. A tal polêmica do Buzz começou porque alguém tinha postado uma notícia sobre o guarda-roupa da Suri Cruise e eu achara uma outra sobre uma desmiolada que botou botox (rima!) na filha de 8 anos, para que ela pudesse "ser famosa". Daí a polêmica: é muito triste ver que a mídia não está muito preocupada com o impacto social da ênfase na beleza. Se a quantidade de "pessoas grandes" (thanks, Saint-Exupéry) deprimidas por causa da aparência está aumentando em proporções assustadoras (justamente por conta da martelação da mídia no aspecto material, desprezando o mental e o espiritual), imagine o impacto disso sobre as crianças. Corremos o risco de ter uma geração de materialistas!

Não que a gente não deva ter cuidado com a aparência e o corpo. Devemos, sim, até porque um corpo desconjuntado fica doente, e ficar bonito faz bem, não dá pra negar. Esta que vos fala é uma assumidíssima perua que adora ir ao salão e comprar roupa. Porém, meio caminho para um corpo são é uma mente sã, como diziam os antigos. Então, como sempre, a solução do problema é, mais uma vez, investir em educação e criar uma geração que saiba avaliar e escolher de acordo com o que realmente é válido.

Gozado, né? As grandes redes querem investir em roupa adulta mini. Mas ninguém quer investir em educação de qualidade. Às vezes tenho a impressão de que querem mesmo é formar uma geração de incorporados na Matrix.

Pedindo licença a Saint-Exupéry mais uma vez: "as pessoas grandes são mesmo muito estranhas".

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