terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mosquitinhos

Os mosquitinhos voam ao redor da lâmpada acesa de noite e, cegos por ela, perdem o rumo. Quando tentam sair da sala, batem no vidro, mas estão tão atraídos pela luz que ficam em conflito: não sabem se vão ou se ficam.
Muita gente é como esses mosquitinhos. Para elas é quase impossível se desgrudar de uma pessoa, um vício, uma mania, do trabalho, da atividade. Eu mesma tenho os meus momentos de mosquitinho.
Tem também os obstinados que não percebem que na verdade não têm nenhum objetivo. Eu até respeito os obstinados, porque a insistência pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Mas tem gente que joga sua meta bem lá em cima pra não alcançar nunca. É um tipo de mosquitinho que vai até a janela, fica de frente do vidro aberto, mas não sai por ela.
A humanidade está, então, mais perto dos mosquitinhos do que pensa. A diferença é que o homem precisa ir até a luz (ainda que seja luz no sentido abstrato), enquanto os mosquitinhos precisam se livrar dela. Só que me assusta o jeito como, tanto num como noutro caso, todo mundo se compraz com a ilusão.
Olha, eu nem me excluo disso. Não tô falando como se eu fosse o ser mais iluminado do planeta, pregando para os rebanhos. Mas, por mais que eu esteja tão presa como todo mundo, eu tô tentando me soltar (é difícil, mas continuo tentando). A maioria das pessoas parece que não percebe o espaço aberto depois que se ultrapassa a janela.
Eu penso que há um campo aberto inexplorado em termos de conhecimento e de capacidades. Mas vai saber se a coisa não é maior do que isso.
E é preciso um tanto de coragem pra sair pela janela, também.

Nenhum comentário: